Tuesday, August 01, 2006

Noite. Imagens aéreas. Cidade de Riyadh - Arábia Saudita. Ao som de “Meri Lanetzach – Ivri Lider”. Câmera chega a um palácio rodeado de seguranças.



Dawnie está sentada num canto de um quarto ao lado de Leigh. Sue está no outro canto, estática. Seus olhos denotam um vazio, ela contempla o nada. Parece oca.
A porta se abre. Sem pensar, Leigh corre enfurecida em direção a ela tentando escapar e puxa Dawnie pelo braço. As duas são derrubadas pelos vários homens corpulentos que adentravam o lugar e são levadas ao centro do cômodo, junto a Sue. Dawnie fica incomodada ao perceber uma bela mulher árabe dentre os homens. É a mulher que fala: “Suas tentativas de fuga estão cada vez mais patéticas. Aceitem sua função aqui e logo serão liberadas. Meu nome é Shadiyah, e estou aqui para ajudá-las”.
“Liberadas?”, pergunta Dawnie esperançosa.
“O Sultão Khalaf não se deita duas vezes com a mesma mulher. Daí o intenso fluxo de garotas que temos. Ele não quer vocês para sempre, apenas por uma noite. Vocês vão se apresentar diante dele amanhã à noite, e a escolhida, depois de cumprir sua função, será despachada de volta. Portanto parem de agir como crianças burras, fiquem bonitas e tentem ganhar os olhos do Sultão.” Ela faz um sinal para os homens e eles saem, deixando a porta aberta. Shadiyah sai logo em seguida chamando as três garotas num ar autoritário: “Venham comigo, vocês precisam ficar atraentes e aprender a se comportar como uma mulher árabe.” As três a seguem obedientes.



Los Angeles. Diversos takes enquanto amanhece ao som de “Girls From Mars – Ash”.
Mansão Remington.




Angela vira na cama como se fosse abraçar alguém, mas ao seu lado está um espaço vazio. Ela levanta a cabeça confusa e procura por Griffin. Tudo que encontra é uma bela foto sua dormindo há alguns dias atrás. Ela vira a foto e encontra escrito: “Fui atrás de um lance. Já sinto sua falta. G.” Ela sorri boba e deita, admirando a foto.


Beverly Hills. Hotel Bel-Air.


Numa luxuosa suíte, estão Jonathan e Charlie deitados juntos. Ele faz cafuné na cabeça dela e conversam sobre bobagens, rindo bastante, quando o celular dela toca. É Edward, seu chefe no jornal. Ele grita enfurecido com o atraso dela naquela manhã chamando-a de vagabunda e inútil. Como Edward está gritando, Jonathan ouve tudo. Assim que desliga, Charlie sai apressada da cama e começa a vestir-se, com uma expressão abatida.
“Você não deveria o deixar falar assim com você”.
Charlie responde irônica que está acostumada a receber esse tipo de tratamento dos homens.
“Pois não deveria” retruca Jonathan, “além do que, nós sabemos que você é muito boa para aquele tablóide de merda”.
Charlie lança um olhar agradecido, mas sem parar de se arrumar as pressas.
“Você deveria vir trabalhar no meu grupo”. Diz Jonathan levantando da cama e a abraçando por trás. Charlie parece meio atordoada com o convite, mas de novo não responde. Continua a se vestir. Ele insiste: “E aí? O que me diz?”, mas ela apenas o beija na testa e sai correndo terminando de vestir o terninho, dizendo: “E aí, eu serei aquela que consegue emprego porque dorme com o chefe. Obrigada John, mas eu não sou esse tipo de garota”.
Ele fica sozinho no quarto sorrindo satisfeito. Pega o telefone e pede café. Ele está claramente apaixonado.



Hall de entrada da Today.


Nicholas surge nos corredores da revista, em uma cadeira de rodas. Scott o empurra. Todos param e olham atônitos, mas ele segue inabalável em direção à sala de Margaux. Tessie tenta avisar a chefe pelo telefone, mas Nick entra sem bater e encontra a mãe conversando com Rachel sobre coisas da revista. As duas se calam ao ver Nick.
“Cansou das férias, Margaux?”, ele pergunta. Ela revida: “Veio implorar por misericórdia, seu bostinha incompetente?” Nicholas explica que, na verdade, está ali para exigir que Scott seja recontratado.
“Ele foi demitido por um descuido meu durante sua ausência e acredito que agora com sua volta, tudo deva ficar como era antes”, explica.
Nesse momento Carrie adentra a sala e interrompe. “Scott não é o namoradinho que você queria ver demitido há algumas semanas atrás?”.
Rachel fica chocada com sua presença. “Eu a demiti! O que faz aqui?”
“Acabei de recontratá-la.” Lança Margaux olhando cinicamente para Rachel.
“Precisamos decidir o que é poder de quem dentro desse lugar.” Diz Rachel pegando suas pastas e saindo da sala. Antes dá um empurrão em Carrie, que cai sentada em uma das poltronas. “Cuide-se, querida. Até eu conseguir arrancar todas as suas penas!”
“Pelo menos uma vez, tente não se intrometer em assuntos que não lhe dizem respeito. Não é difícil.” Diz Nicholas a Carrie, enquanto Scott a ajuda levantar. Ela diz que se envolve a Today então diz, sim, respeito a ela.
“Arranje uma vida pra você, sua frígida e pare de viver à sombra dos outros”. Os dois iniciam um bate boca, até serem interrompidos por Margaux. Ela pede que Carrie e Scott dêem licença, pois tem negócios a tratar com o filho. Os dois hesitam antes de sair, mas obedecem. Carrie sai reclamando que aquela redação parece uma feira livre e bate a porta. Scott fica esperando do lado de fora.
Assim que saem, Margaux telefona para Tessie e pede que chame Angela a sua sala. Nicholas fica parado esperando.
Ao chegar, Angela vê o irmão e corre para abraçá-lo, que não move um músculo.
“Conte ao seu irmão, Angela querida, o que você veio me pedir agora a pouco”.
“Sobre o Griffin?” Angela conta então, animada, que descobriu que Griffin é um talentoso fotógrafo e poderia ser bem utilizado na revista. Nicholas fica injuriado. Margaux ri.
“Percebem? Os dois querem fazer disso aqui um cabide para pendurar seus putos da vez. Normalmente eu dispensaria os dois, mas acabei de ter uma idéia. Por que não fazemos como quando vocês eram crianças? Uma disputa? Um joguinho? Quem fizer mamãe mais feliz ganha o emprego pro namoradinho”. Nicholas se recusa dizendo que aquilo é ridículo, mas Margaux parece não ouvir: “E assim como nos velhos tempos, vocês lembram, vale de tudo. Vencendo, os fins justificam os meios. Vocês podem sair agora”. Nick e Angela não se movem. Eles estão pasmos considerando o ridículo do que acabaram de ouvir. Depois de alguns segundos, porém, eles saem apressados e com certa excitação em seus olhares. Angela segue para a sala de Rachel, e Nicholas vai até Scott, que lhe dá um beijo na testa e o empurra para sua sala.


Beverly Hills. Portão da Mansão Remington.
Griffin e Charlie chegam ao mesmo tempo. Ele com o porsche de Angela, e ela com seu antigo dodge. Eles se medem e se cumprimentam, desconfiados. Algo em Charlie faz Griffin lembrar de Dawnie. Ele sente uma pontada por pensar que talvez nunca mais a veja. O portão se abre para os dois. Entram. Dentro da casa, Charlie é recebida por Jonathan.
“Encontrei no meu antigo escritório, aqui, as fotos que você pediu para a biografia”. Enquanto Griffin é recebido por uma Angela saltitante e ligeiramente alcoolizada.
Charlie e Jonathan seguem ao escritório para mais uma rodada de entrevistas para a biografia.
Griffin e Angela sobem as escadas e vão direto a seu quarto. Os dois mal conseguem entrar no cômodo vestidos, um tirando a roupa do outro. Griffin bate a porta e a tranca.
Inicia música. “Teardrop – Massive Attack”.
Griffin a pega no colo colocando-a sentada sobre a cômoda. Sua única peça de roupa ainda no corpo é a calcinha, que ele vai tirando lentamente enquanto beija sua nuca. Com um de seus dedos começa a masturbá-la. Angela abre as pernas e se encaixa no corpo dele. Sua calça cai. Ele a pega no colo, penetrando-a. Os dois caem na cama. Gemem. Continuam por minutos até o orgasmo. Beijam-se.


Imagens das ruas de Riyadh ao som de “Taste of India - Aerosmith”


Dawnie encontra-se em um enorme quarto experimentando diversas roupas muçulmanas com outras garotas. Ao contrário de Sue e Leigh, ela está animada e se divertindo com a própria imagem diante do espelho. Testa diferentes combinações, mexe no cabelo, se empertiga. As garotas saem de lá, sempre guiadas pela mesma, misteriosa e imponente, Shadiyah. Enquanto caminha, Dawnie relembra alguns momentos com Griffin e sente saudades. Seus pensamentos são interrompidos por Shadiyah que fala ríspida com Sue: “Melhore essa cara, garota, você está deprimente.”
Indignada, Dawnie intervém: “Se seus trogloditas não tivessem feito o que fizeram, ela não estaria assim”. Shadiyah ordena que Dawnie se cale, dando-lhe um tapa na cara. Um dos seguranças a pega pelo pescoço e a faz ficar de joelhos com a cabeça nos pés de Shadiyah. “Putas como vocês deveriam estar acostumadas com assédio!” Dawnie retruca mandando ela à merda e leva um violento chute, que corta seu rosto e começa a sangrar.
“Ótimo, agora quero ver você ser a escolhida amanhã à noite, com o rosto nesse estado”.
Sue passa a mão no rosto de Dawnie, limpando-o, e consolando-a silenciosamente.


Los Angeles. Mansão Remington.


Após o sexo, Angela está falante. Ela comenta que pretende conseguir fechar um complicado negócio com os latinos para publicação da Today nos países da América do Sul. “Isso vai alegrar Margaux o suficiente e o emprego será seu”. Griffin não se empolga. Ele diz que a idéia lhe parece sem graça e crê que Nicholas esteja planejando algo maior.
“Aquele veadinho, do meu irmão, enjoa facilmente de tudo, ele não vai ter a determinação necessária para ganhar isso”. Ela ainda tira sarro com o fato de ele ser doente por sexo e diz que é só com isso que ele ocupa seu tempo. Os dois riem maldosamente. Angela completa: “E ele não se importa com Scott como eu me importo com você!” Beijam-se e Griffin sai atrás de um copo de água.

Charlie e Jonathan estão sentados à beira da piscina, tomando champagne e conversando quando surge Nicholas, trazido por uma das empregadas, avisando ao pai que seu celular não pára de tocar no escritório. Jonathan sai para atendê-lo deixando Charlie e ele sozinhos. Ela sorri simpática. Ele devolve o sorriso e comenta: “Então Jonathan Remington terá uma biografia lançada?”. Charlie começa a falar do projeto, empolgada, mas é cortada por Nick.
“E você pretende dedicar algum capítulo à performance sexual dele? Assim os leitores vão ver o quanto você se dedicou a esse projeto”. Charlie desvia o olhar, envergonhada e ofendida. Nicholas prossegue. “Você é um tipinho bem comum nessa cidade, loirinha, sei como trabalha. E por isso estou aqui para fazer-lhe uma proposta. Deixa-me falar rápido antes que papai perceba o engodo do celular e volte”.
“Eu não sou o que você pensa. Sei como parece vendo de fora, mas John e eu...”
“Guarde seu discursinho batido para algum idiota; alguém que nasceu e cresceu em Los Angeles sabe bem identificar oportunistas como você”.
“Eu não vou ficar aqui sendo insultada de graça por um playboy mal educado”. Ela se levanta para sair dali, mas pára ao ver o que Nicholas tira do bolso: um saco com meia dúzia de fitinhas K7 de gravador. É todo o trabalho de Charlie nas entrevistas com Jonathan para a biografia.
Charlie avança para pegar as fitinhas, mas Nick a impede.
“Agora se sente e ouça com atenção se quiser essas fitas de volta”.
“Eu vou falar com John!”
Nicholas ri. “E fazer o que? Pedir pra ele me colocar de castigo? Jonathan sabe bem os filhos que tem... E acho que ele gostaria muito de saber que sua ligação com um tal de Howard.”
Ao ouvir o nome de Howard sair da boca de Nicholas, Charlie gela e fica estática.
“Eu não me importo e não quero saber quantos amantes te sustentam. Apenas ouça: enquanto eu estiver nessa maldita cadeira de rodas, não há muito que eu possa fazer, por isso preciso de alguma golpistinha de rua, como você para esse urgente trabalho”
Charlie começa a ouvir o que Nicholas tem a dizer, acalmando-se, percebendo que ele não sabe muito sobre ela e Howard. Ele explica de forma sucinta seu plano, sem perceber que Griffin ouve tudo da janela da cozinha, onde bebe sua água demoradamente.


Noite. Ao som de “The Way That I Found You – Ladytron” vemos takes de casas noturnas, prostitutas nas ruas, leões de chácara. Pessoas consumindo drogas dentro de boates.


Charlie surge nesse cenário procurando por um endereço que traz escrito num pedaço de papel, com a letra de Nicholas. Ela vê um logo com o nome “Hunt Club” e entra no local. Griffin, que a vinha seguindo escondido, entra em seguida.
Dentro do local, no camarim, está Joe cheirando uma carreirinha num atrás de Marc, seu colega stripper. Quando termina, Joe pede por mais do comprimido branco que vem usando nas últimas noites antes de subir ao palco.
“Mas você já acabou com as que eu te dei?” Indigna-se ele. “Joe, misturando nesse ritmo, você vai acabar tendo de trabalhar só pra sustentar seu vício”. Joe parece não se importar e troca uma nota de cem dólares por alguns comprimidos. Ele toma dois deles de uma só vez assim que Marc vira e sai. Segundos depois ele está no palco dançando, apenas de suporte atlético e capacete de futebol. Charlie e Griffin o assistem, cada um num canto. Ela não sabe que foi seguida.


Malibu - Restaurante Open Sea.
Carrie e Brett Cooper jantando. Kyle McBride, o dono do restaurante, aparece e pergunta se estão gostando da comida. Ele diz a Brett que está feliz em vê-lo novamente em Los Angeles, depois sai deixando o casal a sós. Eles se divertem. Riem à custa de gente como Rachel e Nicholas.
“São todos perturbados de alguma forma, estou te dizendo”, diz Carrie. Cooper cai na gargalhada. “Mas não dá pra evitar os perturbados do mundo. São muitos!”. Carrie concorda, e diz que fica feliz por ter ao menos uma pessoa sã para acompanhá-la durante o jantar. Cooper alerta que ele mesmo tem suas loucuras, mas Carrie entende como uma piada e ri. Ele apenas bebe sua água, pega a mão dela e beija.


West Hollywood. Hunt Club.
Joe termina seu número de maneira apressada e atrapalhada. O público e Juan, que está assistindo do bar, parecem não ter gostado. Joe chega ao camarim, com falta de ar, vermelho e transpirando muito. Charlie levanta indo depressa atrás dele. Griffin faz o mesmo, sempre de longe, espiando.
Um segurança tenta impedir Charlie de entrar nos bastidores, quando Griffin intervém. Ele incita uma briga entre dois bêbados do bar, empurrando um em cima do outro. Em pouco tempo, o segurança é obrigado a esquecer Charlie para cuidar da confusão armada. Ela se aproveita daquela “sorte” e sai abrindo portas atrás de Joe.
Quando finalmente encontra o sujo camarim, ela solta um grito assustado: Joe está, no chão, pelado, espumando e se contorcendo. Ela fica estática, sem saber o que fazer e leva as mãos ao rosto. Griffin entra no local. Charlie está tão transtornada que nem se importa com sua presença. Ele imediatamente toma conta da situação. Senta Charlie numa cadeira e pede que ela se acalme; sai invadindo outros cômodos atrás de alguém. Encontra Marc transando com um velho obeso num banheiro e explica a situação. “Eu não tenho nada a ver com isso, avisei a ele”, diz Mark, sem parar de penetrar o cliente. “Mas tem adrenalina nas minhas coisas, se quiser usar... já assistiu Pulp Fiction?” Griffin sai correndo atrás da mochila de Marc e revira tudo atrás da adrenalina. Encontra-a, depois de certo esforço, em uma seringa e corre para injetar em Joe. Agacha-se ao seu lado enquanto seu corpo ainda sofre as convulsões da overdose. Ele pede ajuda à Charlie, que está chorando descontrolada.
“Você precisa me ajudar a segurar o corpo dele, se eu errar o coração, vai saber o que acontece!”, diz desesperado. Charlie parece não ouvi-lo. Ele grita tentando trazê-la de volta a realidade, ela tenta sair correndo. Ela a segura pelo braço e a estapeia. Depois disso, ela parece recuperar um pouco os sentidos. Griffin fala em tom calmo. “Eu não vou conseguir salvar a vida dele sozinho”. Charlie fala tremendo: “Eu só quero minhas fitas de volta, só vim aqui pelo meu trabalho”.
“Eu também só estou aqui por um trabalho”, diz Griffin. “Ajude-me e levaremos esse homem daqui”.
Charlie força os ombros de Joe contra o chão, tentando manter seu tórax imóvel. Griffin, num movimento certeiro, enfia a agulha em seu coração e injeta a adrenalina. A respiração de Joe parece melhorar, mas ele continua desacordado. Griffin pega seu corpo suado no colo e diz a Charlie para saírem dali. Passam pelos fundos e chegam ao carro velho dela. Griffin deita Joe no banco de trás, colocando sua cabeça em seu colo. Acaricia seu cabelo enquanto faz uma ligação do celular para Brian, seu amigo de quarto. “E aí, cara? Ta na hora de você fazer aquele favor que eu te pedi.”


Dawnie entra num quarto, vestida de enfermeira e se aproxima do “doente”. Eles trocam algumas palavras que não ouvimos e ela tira sua blusa, mostrando os seios.
A câmera se afasta e percebemos que essas imagens vêm de um televisor.
Romeo está em seu apartamento assistindo um dos filmes pornôs de Dawnie. Ele abre o zíper da calça e começa a se tocar, quando ouve um barulho a porta. Só tem tempo, ou desligar a TV ou de se vestir. Ele opta pela segunda opção e, quando Mimi entra na sala, Dawnie continua a chupar o ator na TV. Ela olha surpresa para Romeo, que devolve o olhar impassível.
“De volta aos quinze anos, Romeo?”
Num tom severo, ele diz: “A chave que lhe dei era para emergências apenas, Mimi. Não para visitas inconvenientes fora de hora. Faça isso outra vez e terei de trocar as fechaduras”.
“Não é preciso, querido” Diz ela tirando pigarro da garganta e tacando as chaves na cara dele com força. “Fique aí se divertindo com a sua puta-cadáver, eu não quero atrapalhar.”
Romeo pergunta o que ela quer dizer com “cadáver” e Mimi ri. “Você realmente precisa ficar mais a par de nossos negócios, meu caro. O cliente árabe é necrófilo. Já o atendemos dezenas de vezes, sempre no mesmo esquema, esqueceu?” Romeo então se lembra de Mimi comentando sobre um estranho cliente árabe que gostava de transar com garotas mortas. Ele pedia sempre opções, escolhia uma das três e matava a eleita para o sexo. Sente uma pontada no estômago ao pensar que a garota que ocupou seus pensamentos nos últimos já pode estar morta.
“Lembrou?” pergunta Mimi reparando em sua expressão atordoada. Ela sai satisfeita e deixa o sócio parado sozinho no meio da sala. Na TV, Dawnie geme e cavalga o paciente.


Madrugada. Ruas de Hollywood.
Nicholas está em seu usual passeio atrás de garotos de programa, sentado em um de seus carros numa rua deserta e de aparência suja. Assusta-se quando um homem bate em seu vidro, chamando por ele. É Brian. Ele abre o vidro e o encara. Brian pergunta o que ele faz naquela vizinhança meio perigosa.
“Sei me cuidar, obrigado.”
Brian pergunta se lembra de ter saído com ele uma vez, mas Nick não se recorda.
“Talvez você lembre por um outro ângulo”, diz Brian acariciando o volume na frente de seu jeans, sorrindo maliciosamente. Nicholas o convida para entrar e ele aceita. Segundos depois, Nicholas o está chupando, quando este junta as mãos e o golpeia com força na nuca. Nicholas cai desacordado.

Tráfego nas ruas.
Charlie está dirigindo em direção ao hospital Wilshire Memorial quando o celular de Griffin toca. Ele troca duas palavras, desliga e ordena que Charlie mude o rumo.
“Como assim?”
“Meu amigo me espera na Hollywood Boulevard. Leve-me até lá e terá suas fitas de volta.”
“Minhas fitas? Você trabalha com o Nicholas, é isso?” Diz ela parando o carro bruscamente, e quase provocando uma batida com a pick-up que vinha atrás.
“Pelo contrário, nesse momento ele é meu adversário. E eu estou prestes a vencer.”
Mesmo sem entender direito, Charlie religa o carro, faz o retorno, seguindo até a tal avenida, há poucos quilômetros de onde estavam. Chegando, Griffin desce e cumprimenta Brian que o aguardava em uma esquina. Griffin pega as fitinhas com ele, dá um tapinha em suas costas, e volta até Charlie entregando-lhe tudo. “Toma, isso é seu. Como eu estou sendo legal com você, você precisa ser comigo também; vai manter o bico fechado em relação à hoje. Quando Nicholas perguntar, você diz que não obedeceu ao plano dele, que desencanou das fitas, inventa qualquer coisa.”
“Qual é a sua exatamente? Qual é a sua relação com os Remington?” ela pergunta intrigada.
“Por enquanto nenhuma. Mas muito em breve isso vai mudar. Pra mim e acho que pra você também.” Ele responde sorrindo e pisca esperando por um entendimento da parte dela, mas ela não demonstra nada, continua desconfiada.
Griffin pega Joe no colo e diz para ela ficar tranqüila, que ele e seu amigo cuidarão bem dele.
“Vá pra casa e descanse. A gente ainda vai se trombar muito por aí.”
Griffin entra com Joe no carro de Brian e partem. Charlie fica parada ainda por minutos tentando entender tudo que aconteceu.


Mansão Remington.


Margaux desce de seu quarto e encontra Angela com Griffin, sentados na sala. Os dois se levantam quando ela chega e a cumprimentam educadamente; ela só manda um olhar indiferente a eles e caminha para a cozinha em silêncio. Volta com um copo de água na mão, e enquanto ela sobe as escadas, Angela diz: “seu presente espera por você no quarto de Joe, mamãe.” Margaux abre a porta do quarto, curiosa e sorri bastante animada ao ver seu namorado deitado, amarrado a cama por uma imensa fita com um laço se formando exatamente sobre seu pênis. Ele está nu e adormecido.
Angela chega até a porta do quarto e sorri: “E então? O que o Nicholas fez por você?”
“Nada que superasse isso. Era exatamente o que eu precisava. Parabéns, você ganhou. Leve seu namorado a redação amanhã.” Angela comemora com umas palminhas e abraça a mãe. Margaux empurra a filha para fora do quarto de maneira fria enquanto fala “Deixe-me sozinha agora, vá comemorar com seu namorado”. Ela fecha a porta e caminha até a cama. Chama baixinho por Joe, que acorda confuso.
“Margaux?”
“Bem vindo de volta, ursinho.” ela diz enquanto beija seu peito.
Na sala, Ângela e Griffin comemoram bebendo.
“Como você conseguiu achar esse traste?”, ela pergunta. “Sua idéia foi ótima! Só vai ser uma pena ter que conviver com ele novamente. Mas enfim... não vai ser por muito tempo. Em breve dou um jeito de enfiar essa cadela velha em algum hospício novamente.”
“Agora você tem a mim como parceiro, muito mais competente do que o seu irmão”.
“E muito mais gostoso!” Ela o beija e enfia a mão em sua cueca.


Amanhece ao som de “Criminal – Fiona Apple”.
Aeroporto de Los Angeles, onde Romeo caminha apressado. Ele corre a um guichê e reclama uma reserva feita na noite anterior para a Arábia Saudita. A atendente avisa que seu avião irá decolar em uma hora.


Imagens de Riyadh à noite, a música continua.


Dawnie está se arrumando em frente ao espelho, vestida como uma dançarina muçulmana. Ela tenta esconder o machucado no rosto com maquiagem. Leigh ajuda Sue a terminar de arrumar o cabelo. A porta se abre e Shadiyah surge convocando-as para o grande momento, quando elas tentarão seduzir Khalaf para ser a escolhida. As três saem atrás dela, ansiosas. São levadas a um grande salão onde uma festa está acontecendo. Elas entram. Shadiyah aponta um imponente homem de seus 40 anos, vestindo elegante terno cinza, dizendo ele ser o sultão.
“Sempre pensei que sultões usassem turbante.” Zomba Dawnie.
Shadiyah avisa que Khalaf estará de olho nelas durante toda a noite, e ao fim da festa, caminhará até sua eleita e oferecerá um drink, indicando que ela fora a escolhida. As três assentem e começam a aproveitar a festa, dentro do possível. Dawnie e Leigh entram com força na disputa e se esforçam para parecerem atraentes o tempo todo.



Vemos diversos takes de Dawnie dançando sensualmente durante a festa.
Khalaf se levanta e diz que a festa chegou ao seu final. Os convidados vão se retirando. Shadiyah está no bar, onde coloca uma grande quantidade de veneno em um drink, e mistura. Khalaf vai andando em direção de sua escolhida. Shadiyah chega ao seu lado e lhe passa o drink, que será oferecido a garota escolhida. Percebe-se o entendimento entre eles. O sultão caminha entre as pessoas e chega até Dawnie. Ele oferece-lhe o drink e ela aceita sorrindo satisfeita.
A música cessa.

Inicia off de narração.
Enquanto ouvimos a narração, vemos as imagens descritas abaixo:


“A cidade me fez crescer. Saber o que são perdas. Saber o que é um amor verdadeiro. E saber também como não conseguir agarrar as boas oportunidades que cruzam contigo em cada esquina de suas ruas...”

Quarto de Hotel.
Brett Cooper entra, acende a luz. Vai até sua mala e a abre. Tira um porta-retrato com a foto de Kimberly Shaw. Passa o dedo sobre a foto. Passa a mão em seu rosto. Olha-se no espelho, sem expressão alguma.


Narração:
“...Comecei do nada. Ganhei trabalho, amigos, amores, uma casa com piscina, e vida.”

Apartamento de Scott.
Entra em casa. Tira a camisa e depois a calça, ficando apenas de cueca. Vai até a geladeira e pega uma garrafa de vodka. Enche um copo e bebe um gole. Pensa um pouco. Vai até a sala e olha uma foto solta de Nicholas em cima da mesa. Passa o dedo como se o acariciasse. Amassa a foto com força.


Narração:
“...Casamentos, desentendimentos, família, morte. Por aqui, coisas corriqueiras. Nesse lugar estão ali ao seu lado. Cidade sempre pronta para dar o bote.”

Today. Sala de Margaux.
As luzes do andar estão quase todas apagadas. A porta se abre e Rachel entra. Na penumbra começa a remexer em papéis sobre a mesa. Abre gavetas. Vasculha procurando alguma coisa. Encontra arquivos trancados. Procura pela chave, sem sucesso. Frustra-se.


Narração:
“...Respirar o ar de LA pode te matar fácil. Mas vivendo por lá algum tempo você produz anti-corpos que te deixarão imune pro resto do mundo, onde quer que você esteja.”

Apartamento de Romeo.
Mimi entra e percebe que está sozinha. Vai vasculhando a casa como que procurasse algo. Escuta uns dois recados deixados na secretária eletrônica, que não dá importância. Lê umas anotações escritas num papel que está ao lado do telefone. Número e horário de vôo. Fica intrigada. Vai até o sofá e senta-se. Pega o controle-remoto. Liga o DVD. Surge Dawnie apenas de cinta-liga branca sentada em cima de um homem atlético, apenas com um estetoscópio no pescoço. Mimi assiste por alguns minutos, nitidamente com raiva e enciumada. Taca o controle-remoto na tela da tv.


Narração:
“...Tirando umas férias de seus castigos, ainda completamente apaixonado por aquilo tudo.”


Escrito na primeira tela de créditos está:
“Billy Campbell, personagem do seriado Melrose Place, viveu em Los Angeles por oito anos.”

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