Tuesday, September 12, 2006


Noite. Imagens da estrada que leva LA até a cidade de Santa Clarita ao som de “Song For the Lonely - Cher”, até chegarmos ao sítio onde Scott e Brian estão presos.


O lugar está em chamas. No quarto, os dois nus na cama já estão começando a se intoxicarem com a grande quantidade de fumaça. Brian, em pânico, tenta incessantemente afrouxar as amarras de seus punhos. Ao mesmo tempo em que não pára de gritar pelo nome de Scott, que está quase inconsciente. O fogo começa a subir pela cama. Num acesso de desespero, Brian consegue livrar uma das mãos, deslocando um de seus ossos do polegar. Solta um urro de dor e inicia a desamarrar seus outros membros presos. Scott já está desacordado quando ele consegue se soltar completamente. O fogo já tomou conta da cama, e já com queimaduras pelo corpo, Brian só tem tempo de saltar para um dos cantos do quarto. Em segundos a cama é completamente coberta por labaredas. O Corpo de Scott está queimando, inerte e silencioso. Brian começa a chorar, vendo que nada pode fazer para salvar o amante. Logo volta a si, levanta-se e começa a forçar a porta do banheiro, conseguindo abri-la. Escapa pela pequena janela ao lado do box, após quebrar o vidro. Longe do incêndio, senta-se no jardim. As lágrimas não cessam. Escora a cabeça com as mãos e grita alto, lamentando a morte de Scott. Ouvem-se sirenes ao longe, aproximando-se.

Cobertura de Ron Maxwell.
Griffin está sentado diante de Ron em seu escritório, que está terminando de explicar o procedimento da transação que será feita: “... então amanhã você estará nesse leilão. Dará os lances indicados e arrematará a criança desta foto” diz mostrando o respectivo menino, de olhos claros, sorrindo. Griffin está irritado; ele comenta, ácido: “Você compra um garoto, tira fotos, abusa sexualmente... Não me interessa. Só gostaria de saber o que faz com ele após isso tudo.”
“Já está querendo saber demais, meu caro.” Diz Ron pegando a taça de vinho, olhando, e bebendo um pausado gole. Nesse momento, Jimmy o mordomo entra no escritório com a garrafa da bebida. Enquanto enche a taça do patrão, Ron o puxa para perto e o beija na testa. “Jimmy foi minha primeira compra. E olhe no que deu. Ganhou uma casa, um tutor...” Jimmy está à sua frente de cabeça baixa, subserviente. Ron o manda despir-se. Obedientemente Jimmy coloca a garrafa que segurava em cima da mesa, e começa a tirar a roupa. Já nu Ron começa a mostrá-lo para Griffin como uma mercadoria. “Como você pode notar, Jimmy não possui um pelo sequer no corpo. Quantos anos você acha que tem o meu bebê?” Pergunta ele passando a mão pelo peitoral liso e infantil do jovem. Griffin está atônito com o que está presenciando, e não consegue soltar uma palavra sequer. Ron continua: “Jimmy acabou de completar vinte e quatro anos. Pena não ter cordas vocais suficientes para soltar uma voz digna de sua idade.” Diz ironicamente, segurando o queixo dele e o forçando a mostrar cicatrizes em seu pescoço. “Assim ele continuará a ser meu menininho para sempre. Nada de voz grossa, pelos pubianos ou mesmo ereções.” Griffin se assusta ainda mais vendo que Jimmy é castrado. Ron dá três tapinhas na bunda do pupilo e o manda sair.
“Você é um insano! Transformando esse jovem nessa aberração.” Ele levanta ainda assustado com tudo o que presenciou.
“Vejo tudo isso como uma eterna juventude. Proporciono a ele uma infância sem fim. Apenas criei meu próprio Peter Pan. Inocente, infantil e meigo para sempre, sem ter noção da maldade e luxúria de um adulto.”
“Você ainda acha que fez um favor a esse coitado?! Você precisa ser internado.” Griffin está andando em círculos pelo grande cômodo “E você, então, fará o mesmo com esse menino que vou comprar amanhã...”
“Isso não é da sua conta. Tudo o que precisa saber já te expliquei. Faça a compra e estará terminado. Sem mais perguntas!”
“E se eu me recusar?”
“Eu susto o cheque que dei ao nosso amigo promotor Carter, para liberá-lo. E você volta direto à prisão” - Ron faz uma pausa e depois acrescenta - “Sem contar que seus planos com Angela, sejam lá quais forem, irão por água abaixo quando ela souber que seu namorado é um assassino...”
Griffin encara Ron com ódio nos olhos. Ele pega a foto da “mercadoria” em cima da mesa e depois de alguns segundos sai batendo a porta.


Saída do aeroporto de Cleveland.
Michael e Charlie já estão dentro de um táxi, a caminho do maior hospital da cidade.
“Não acredito que eles estejam nesse hospital. Coop não seria tão idiota.” Diz ele olhando as luzes das ruas, embaçadas pela garoa que cai.
“Então por que não iniciamos nossa procura por outros lugares menos visados?”
“Tenho a nítida idéia de onde vamos encontrá-los, menina. Mas preciso antes saber onde achar esse tal lugar.” Dawnie faz gestos de que não está entendendo o que ele diz, e ele, então, explica: “Precisamos do endereço da clínica onde Kimberly Shaw ficou internada no tempo em que ficou em coma. Uma informação não muito fácil de conseguir, pois a mãe dela, junto de Coop, a escondeu o máximo de tempo que conseguiu.”
“Ainda não consigo engolir toda essa loucura que você me contou no avião. Esse cara mantendo Carrie personificada em uma louca varrida que tinha uma placa de metal na cabeça e que explodiu um prédio em Melrose. Não sei dizer quem é mais maluco nisso tudo: o médico louco do Cooper, essa tal Kimberly ou você, Michael, que casou com ela duas vezes!”
O táxi pára em frente ao hospital. Michael paga o motorista apressadamente. Ele e Charlie saem em disparada na direção da entrada do local.


Los Angeles. Imagens de Santa Monica ao amanhecer até chegar ao centro de LA já pela manhã, ao som de “My Favourite Game - Cardigans”.


Margaux está em sua sala na Today junto de Trevor I., o principal modelo da agência “Hunks” de Hillary Michaels. Ela está completamente encantada com a beleza do rapaz e não tenta esconder isso. Trevor sempre sedutor. Os dois conversam amenidades. Ela sentada em cima de sua mesa, e ele em pé, quase a sua frente, sempre falando em tom suave e quase encostando seu rosto no dela.
São interrompidos por Jo e Griffin, que haviam sido anteriormente chamados. Trevor fica um pouco sem graça com a súbita presença do casal e afasta-se de Margaux, limpando os lábios com os dedos.
“Quero que conheçam Trevor. Ele é o modelo do nosso profile da próxima edição. Já se encontra marcado um estúdio para a sessão de fotos. Todos os dados estão com a minha nova secretária Natasha”. Griffin e ele apertam as mãos. Jo apenas sorri.
“Margaux, estou atrasado para chegar à agência. Fotógrafos nos vemos mais tarde, então”. Antes de sair da sala ele beija Margaux na bochecha, mas pegando um pouco da boca. Jo percebe e abaixa o rosto. Eles vão saindo em seguida, quando são interrompidos por Margaux e sua última frase: “Apenas uma última consideração sobre Trevor: fotos apenas de cueca ou sunga!” E saem da sala cruzando com a nova secretária; Natasha Vikhreva, aspecto conservador, recém-chegada da Rússia. Margaux a manda encontrar Angela com urgência.


A câmera sai da sala de Margaux, passa pelos corredores e chega à sala de Rachel.
Ela e Tessie estão sentadas, com a porta trancada.
“... então esse é o segredo que aquela vaca plastificada tanto escondia. Rachel, isso é uma bomba!”
“Mais do que isso. Essas informações irão trazer a Today direto para a palma de minha mão. Mas a ajuda de Angela será essencial para que tudo dê certo. Preciso arrumar uma maneira de usar aquela palhaça bêbada.”
“Não se preocupe com isso. Com a filhinha eu dou um jeito”.
“Que bom que escolheu o lado certo, Tessie.”
E as duas continuam tramando, às gargalhadas.


Pequeno Motel de beira de estrada. Cleveland.


Charlie desperta. Percebe-se sozinha no quarto, mas logo Michael entra com uma bandeja de café da manhã para os dois. Charlie sorri agradecida e os dois comem enquanto definem os planos para o dia.
“Então já sabemos a certa localização da clínica” Diz ele abrindo um mapa local em cima da cama e apontando a região dita. “É uma antiga clínica para doentes mentais nos arredores da cidade”.
“E se estivermos enganados, Michael, se eles não estiverem lá? E também aquelas enfermeiras não deram cem por cento de certeza de que essa tal clínica era pra onde Kimberly fora encaminhada, anos atrás”. Ele bebe um gole de café: “É a pista mais quente que temos. Além de que elas deram a certeza que lá é uma das únicas clínicas particulares onde existe uma boa infra-estrutura para pacientes comatosos. Estou otimista”.
Charlie concorda: “Se não estivermos, quem estará? Pobre Carrie...” Os dois continuam seus desjejuns, e se ela conhecesse Michael melhor saberia o quanto esse papel de salvador do dia o está divertindo.


LA. Mulholland Drive. Mansão de Jonathan.
Ele está preparando-se para sair de casa, ajeitando a gravata listrada em frente ao espelho, no quarto. Não gosta da combinação. Tira e pega outra no armário. Seu celular toca, em cima da cama.
Olha o visor, não reconhece o número da chamada. Atende. Uma voz calma, masculina, pausada diz apenas uma frase: “Comece a aprender a viver Jonathan Remington, o primeiro dia do resto de sua vida!” A pessoa desliga. Jonathan fica alguns segundos intrigado, mas não dá importância ao que pensa ser apenas um trote de mau-gosto.


Revista Today.
Margaux termina uma ligação. Desliga o telefone completamente assustada. Angela está sentada à sua frente, curiosa. “Era a Charlie, a nova redatora.” Ela levanta com a mão cobrindo parte da face. “Carrie está correndo perigo de vida, Angela.”
“Acalme-se, mamãe.” Diz ela levantando da cadeira, pegando Margaux e a colocando no pequeno sofá. Pega o telefone e pede para Natasha trazer um copo de água. Volta-se para a mãe novamente.
“Onde está Charlie, o que aconteceu a Carrie?”
“Cleveland. Elas estão em Cleveland. Carrie está internada em algum hospital. Não entendi direito o porquê. Estou preocupada! Preciso fazer alguma coisa.”
“Não se preocupe, mamãe, eu posso cuidar disso.” Diz Nicholas, que estava atrás das duas já há alguns minutos sem que elas percebessem. Angela quando o vê fica tão apavorada que cai no chão, com sua respiração ofegante. Ele está com o rosto machucado e aparência desgastada, embora use terno e se esforce para parecer firme. Anda com a ajuda de uma bengala. Angela rapidamente se recompõe, levanta, interrompe e mente: “Nicholas! Você e essas suas viagens malucas sem aviso prévio”.
Margaux toma a palavra: “Que bom que sua função nesta revista é tão alegórica quanto a sua existência. Se essa sua viagenzinha tivesse nos atrasado a edição, eu pessoalmente trataria da sua demissão por justa causa”.
“Tudo que você queria, não é mamãe? Um motivo pra convencer papai a me demitir”. E ainda acrescenta em tom provocativo: “Já que só ele pode fazer isso, como sócio majoritário”.
Margaux nada responde. Toma a água trazida por Natasha, levanta-se e diz que precisa tomar conta de Carrie. Sai da sala falando muito, dando mil tarefas para Natasha a respeito das informações que acabara de saber. As duas deixam Nicholas e Angela sozinhos.
“O que deu nessa sua cabeça de urubu, sua retardada? Por que você fez isso?” diz Nicholas avançando sobre a irmã. Escorando-a com força na parede, segurando seu rosto. “Você vai me pagar muito caro por todas essas cicatrizes que me deixou!” Angela não consegue esconder seu medo. Ele dá uma forte bofetada no rosto da irmã, que a faz cair, escorando-se no sofá.
“Vá à merda, Nicholas, tô cansada de me submeter aos seus planos idiotas e acabar sempre na mesma. Cansei de você, seu doente!”
“Cansou? Que história foi aquela de ‘agora eu tenho um novo parceiro’ dita lá em Santa Clarita?” Ele solta uma risada “Trabalha sozinha agora, ou me trocou pelo seu michêzinho?”
Ela levanta-se e vira para sair, mas ele a segura pelo pescoço quase a enforcando. Ela reclama de dor e exige que a solte, mas ele ignora: “Eu vou fingir que nada aconteceu por enquanto, Angela. Antes estou cuidando dos seus ratos. Nesse meio tempo, ache uma maneira de se redimir comigo, caso contrário, assim que acabar com eles, eu irei como um rolo compressor pra cima de você. Esteja preparada”. Ele a solta empurrando-a contra a mesa. Algumas pessoas na redação assistem a cena. Nicholas sai deixando Angela assustada, com os olhos cheios de água.

Cleveland. Clínica psiquiátrica Sanitydammer.
Michael e Charlie estão na recepção perguntando sobre pacientes recém-internados. Ele está tentando tirar alguma informação da irredutível recepcionista.
“Sou o residente-chefe do hospital Wilshire Memorial de Los Angeles. Preciso dessa informação, mocinha.” Fala enfurecido, levantando a voz. A moça franzina continua na sua calma em lixar as unhas.
“Digo pela última vez Dr. Mancini, essas informações são confidenciais. Se o senhor não faz parte da família, ou da equipe de médicos desta clínica, não poderá ter acesso a elas.”
Charlie está nitidamente sem paciência. Passa a mão nos cabelos, jogando-os para trás. Pega o braço de Michael e o puxa para junto dela. Eles se entreolham e correm em direção aos corredores, passando pela porta onde se lê: “Somente pessoal autorizado”.
A recepcionista leva um susto com o que acaba de acontecer. Pega o telefone e liga para um ramal interno: “Dr. Cooper, temos visitantes inesperados.”


Estúdio Fotográfico. Sessão de fotos de Trevor.


Jo está com câmera na mão. Vários flashes em cima de Trevor, que está deitado apenas com uma cueca branca.
No fundo a música “Venus - No Angels”.



Griffin acompanha todo o trabalho, sempre olhando seu relógio, preocupado com o horário. Jo pede para Trevor abaixar a cueca, deixando o “cofrinho” aparecer. Ele dá um sorriso e a tira completamente, jogando-a para ela com um olhar sedutor.
“Sinto muito, modelinho. Sou vacinada contra sedução barata de modelos arrogantes.” Diz pegando uma toalha e jogando em cima dele. “Encerramos por aqui, antes que me dê náuseas.”
Griffin sente-se aliviado e começa a juntar o material de Jo. “Será que você poderia me dar uma carona, Jo?” Pergunta ele.

Clínica Sanitydammer.
Michael e Charlie correm pelos corredores, abrindo portas apressadamente a procura da unidade de tratamento intensivo. “Por fora esse lugar não parecia ser tão grande!” Reclama ela.
“Temos companhia!” Grita ele avistando alguns enfermeiros no fundo do corredor.
Os dois se separam, um entrando numa porta a direita, e o outro a esquerda. Michael se fecha dentro de uma sala cheia de leitos envolvidos por cortinas verdes. No que ele vai andando pela penumbra do lugar, ele vai abrindo as cortinas e só encontrando camas vazias. Charlie está dentro de uma sala com alguns pacientes sentados, e outros andando pelo lugar. Alguns dos insanos seguem em direção a ela, que fica com medo e tenta se afastar andando de costas. Acaba encostando-se a alguém, e solta um grito. Percebe que é um dos enfermeiros, que a imobiliza.
Michael continua explorando a sala no outro lado do corredor. Chega ao final dela, vendo que não possui outra saída sem ser a que entrou no espaçoso cômodo. Ao olhar para a porta, a percebe se fechando, e observa alguém deitando em uma das primeiras camas que ele abriu. Acha estranho e começa a ir ao encontro da pessoa, que não consegue distinguir quem possa ser por causa da falta de luz na sala. Ao chegar ao lado da cama, toca nas costas da pessoa vestida de branco. É Cooper, que se vira rapidamente e injeta uma seringa no antebraço de Michael. “Segunda dose! A mais importante. A mais letal.” Diz Brett enquanto Michael sente-se tonto e cai inconsciente no chão.


Cidade de LA, imagens do entardecer ao anoitecer ao som de “Burning Girl - Frente!”



No apartamento de Romeo, Dawnie está adormecida na banheira. De repente, ela acorda tossindo e sentindo falta de ar. Percebe o excesso de fumaça no cômodo e sai para ver de onde vem aquilo. Conforme anda pelo apartamento a fumaça vai ficando mais espessa até Dawnie chegar à sala e encontrar roupas suas num monte pegando fogo. Ela se assusta e corre para o telefone, mas o fogo está no caminho e a impede. Nervosa, dando pulinhos ela se esforça para chegar até a porta e sair dali. Na tentativa, o fogo pega na toalha que cobre seu corpo e ela se desvencilha dela desesperadamente, chegando ao corredor do prédio nua. Ela olha assustada para dentro do apartamento; cobre-se com as próprias mãos e desce a escada correndo atrás de ajuda.


Today.
Margaux entra em sua sala com as palavras de Nicholas em sua cabeça - “Já que só ele pode fazer isso, como sócio majoritário”- Ela tira uma chave do casaco e abre uma das gavetas do arquivo trancado. Margaux arregala os olhos, incrédula. O conteúdo da gaveta sumiu! Ela olha para os lados e começa a revirar o próprio escritório atrás dos envelopes que deveriam estar lá dentro, deixando uma tremenda bagunça. Cada vez mais perturbada, ela sai pela redação revirando coisas e xingando as poucas pessoas que ainda estão por ali. Ela age como uma louca, falando sozinha, e as pessoas olham curiosas. Ela corre aos elevadores e sai do andar, bastante abalada. Risadas rolam soltas na redação. A câmera mostra o rosto de Rachel, satisfeita.

Malibu.



Jo pára o carro em frente a uma mansão rodeada por altos muros.“É este o lugar. Não tenho como agradecer a carona, Jo. Obrigado mesmo.”Griffin não havia sido muito explícito sobre o que iria fazer ali. Apenas disse que tinha uma reunião com amigos. Ele sai do carro, toca o interfone e depois de alguns segundos entra na casa. Jo ainda pode perceber um segurança o revistando antes do grande portão se fechar. Antes de arrancar o carro, uma limusine pára em frente a ela, que começa a ficar bastante intrigada com tudo aquilo.“No que esse garoto está metido?” pensa.A câmera segue entrando pelo portão, passando pelos jardins da casa e chegando dentro de uma grande sala com decoração em vermelho.Lá se encontram doze pessoas, na maioria caras com mais de cinqüenta anos. Griffin é o único aparentando menos de trinta. Ele não se sente muito à vontade. De um corredor ao lado da sala sai uma jovem com traços orientais, vestida de vermelho. Ela pára na frente dos supostos convidados e diz que o leilão terá início em alguns minutos. Griffin retira do bolso a foto que Ron Maxwell o entregou. Desdobra e fica observando os detalhes do rosto do menino sorridente. “Boa escolha! Teremos que disputar esse aí.” Diz um homem de seus quarenta anos, encostando-se em Griffin, e sussurrando em seu ouvido. “Prazer, sou George. Pseudônimo claro.” completa ele estendendo a mão para Griffin, que aperta a mão do cara e responde: “Anakin Skywalker”. George sorri e pergunta se ele irá tentar comprar apenas um. Griffin resolve entrar mesmo na conversa:“Estou pensando em um casal.”George continua a sussurrar: “Você não sabe o quanto é bom colocar um menininho e uma meninha se tocando um ao outro. Que tesão cara! Já experimentou?”“Não, nunca...” responde ele tentando disfarçar o constrangimento.“E quando você coloca os dois juntos para te tocar, então, nossa! Você vai às nuvens, garoto”.

“É... estou louco para experimentar” mente continuando a dar corda ao homem e pergunta: “O que você costuma fazer com eles depois?”.George acha estranha a pergunta, faz uma cara de interrogação, ao qual Griffin sente um calafrio na espinha imaginando ter falado demais, mas que cessa assim que George abre um sorriso e completa:“Estou sentindo que você é calouro no assunto. Também, novo desse jeito... Mas não se preocupe. Ainda hoje te apresento alguém que poderá te auxiliar na limpeza.”“Limpeza?” pergunta Griffin.“Termo utilizado para nos livrarmos das mercadorias.”Os dois são interrompidos pela bonita jovem oriental, que na frente de todos dá o leilão como iniciado. Logo uma senhora, com aparência da babá mais perfeita do mundo, entra dando as mãos para um menino e uma menina, cada criança com uma plaquinha pendurada na roupa onde lê-se o nome, idade e o preço do primeiro lance necessário. A jovem fala o preço do lance inicial em voz alta, e os senhores começam a aumentá-lo. As disputas são acirradas, e as crianças geralmente são compradas por um preço muito acima do estipulado de inicio. Griffin se incomoda quando a “Mary Poppins” traz seu alvo. A placa diz que seu nome é Austin, possui seis anos de idade e o lance inicial é de novecentos mil dólares. Griffin logo aumenta para um milhão. George segue atrás dando o lance de um milhão e duzentos. Os dois, além de outro senhor mais á frente, continuam a aumentar o preço. Griffin começa a ficar nervoso. O suor escorre em sua testa quando ele solta um lance de quase dois milhões de dólares. George frustra-se e sussurra: “Você venceu! Quando estiver com ele, dê umazinha por mim”.“Vendido para o senhor segurando a placa de numero quinze”. Conclui a jovem apontando para Griffin.


Mansão Remington.
Margaux ainda está descontrolada revirando tudo atrás do conteúdo desaparecido de seu arquivo.
Cansa de procurar em seu quarto, passa pelo de Angela e acaba entrando no quarto vazio de Joe e inicia uma busca lá. Revira colchão e abre gavetas; no banheiro, ela pára ao encontrar algo estranho embaixo da pia. É um pacote do tamanho de um pulso. Ela abre e encontra heroína lá dentro. Sem saber direito do que se trata, ela resolve levar o pacote com ela.



Apartamento de Romeo.
Bombeiros e policiais caminham pelo lugar. Romeo está abraçando Dawnie, coberta por um roupão, sentada e pensativa: “Eu sei bem quem está por trás disso. Aquela vadia me paga”.
“De quem você está falando, meu bem?”
“De quem você acha, Romeo? Daquela cadela psicótica que tem obsessão por você. Acho que a surra que dei nela não foi o suficiente”.
Ele fala grosso, num tom autoritário: “Não, Dawnie! Essa rivalidade estúpida entre vocês duas termina aqui”.
“Termina quando eu disser que terminou” e sai brava.

Beverly Hills. Flat de Rachel.
Angela chega e toca a campainha. Quando Rachel abre a porta, ela já vai entrando: “O que você quer? Por que me chamou aqui?” Acaba encontrando Tessie também na sala. “Foi você quem me enrolou, sua secretariazinha sem talento. Já deveria saber que isso não seria uma reunião de trabalho”. Diz ela dando meia volta e indo em direção a porta.
Rachel mostra a ela os documentos roubados e diz que ali tem algo que ela gostaria muito de ver.
Ela pára e pergunta: “O que significa isso?”
Rachel responde que “encontrou” os envelopes na sala de Margaux, na Today e termina dizendo “com isso estamos livres da bruxa velha”.
Angela levanta as sobrancelhas dando sinal de interesse. Volta, senta-se. Dá uma olhada por cima nos documentos, mas não se dá ao trabalho de ler e pede que Rachel explique.
“Margaux vem escondendo esses documentos para manter essa parte da Today para si. Por algum forte motivo a cadela velha colocou como sócio, possuindo grande parte das ações da revista, o nome da sua irmã, Caroline”.
Angela não acredita no que está ouvindo. Pega novamente os papéis para certificar-se.
“Minha irmã?! Por que justo aquela lerda?”
“Bem, não sabemos exatamente quais foram os critérios, ou o porquê de Margaux ter feito isso. Mas convenhamos, ela não possui nenhuma confiança em você e Nicholas. Mas o que me intriga é ela não ter deixado essa parte da Today em seu próprio nome”.
“A escolha de Caroline não é difícil de entender. Ela é a única menor de idade” lembra Tessie.
Rachel continua: “Esses documentos que temos nas mãos provam que Margaux apenas será responsável pela revista enquanto Caroline não fizer dezoito anos”.
E Tessie completa: “Coisa que acontecerá no final desse ano”.
Angela percebe o que isso quer dizer e sorri: “É hora de trazer maninha de volta à LA”.


Câmera pelos jardins da mansão Remington ao som de “Senza Fine - Monica Mancini”.
Joe entra com seu carro, vindo da academia suado e exausto; encontra, surpreso, Margaux sentada em uma poltrona no hall de entrada com malas feitas de um lado e o pacote de drogas que ela havia achado no banheiro, sobre uma mesinha.
“Heroína, Joe?” ela indaga.
Ele procura palavras para responder, mas ela não dá tempo.
“Você existe na minha vida, garoto, para ser uma fonte de alívio e distração, não de problemas; estes eu já tenho o suficiente. Você vai pegar suas malas agora, que eu já fiz o favor de arrumar, e sair daqui. Pode ir para uma clínica de reabilitação, e voltar depois que estiver desintoxicado ou levar seu pacotinho consigo e desaparecer da minha vida para sempre. Você escolhe”.
Joe ajoelha-se perto dela e segura sua mão: “Tente entender Margaux, isso é um bom negócio”.
“Acredito que seja”, ela responde. “Mas não é o meu tipo de negócio. Livre-se disso”.
Ele exalta-se: “Eu não posso simplesmente me livrar disso!”
“Ah, como não? Observe”. Ela se levanta e vai com o pacote para fora da casa. Joe a segue assustado. Margaux abre o pacote diante da piscina e começa a despejá-lo na água enquanto, cínica, grita para ele: “Está vendo? Que fácil!” Ele corre para cima dela e tenta tirar a droga de suas mãos. Os dois se empurram e lutam pelo pacote. Por ser mais forte, ele acaba ganhando com um empurrão que derruba Margaux no chão. Ela o encara com ódio. Ele estende a mão para ajudá-la a levantar, mas ela dispensa com um tapa.
“Você já fez a sua escolha”, ela diz. “Fora! Fora daqui! Fora!”
Joe sai levando o que restou da heroína, entra no porshe e arranca.


Malibu.
Os presentes já começam a se dissipar, depois do término do leilão. Griffin toma um susto quando é abordado por Jo.
“O que você está fazendo num lugar como esse? Você não faz o tipo pedófilo!”
Ele olha para os lados, observando se alguém está percebendo a conversa dos dois, e a leva para um canto. “Você é maluca de estar aqui! Isso pode estragar tudo.”
“Estragar o que, Griffin? E como você comprou aquele menino por quase dois milhões de dólares?”
“Não tente entender, Jo. Estou aqui a mando de alguém, apenas tentando tirar o meu da reta.”
Os dois são interrompidos por George, que traz alguém para apresentá-lo.
“Anakin, esse é Marcus Wess. A pessoa que eu havia lhe dito que poderá te ajudar com a limpeza.”
Marcus e Griffin se cumprimentam enquanto Jo vai se afastando.
“Meu amigo, podemos fazer um bom negócio. Tenho ótimos preços para córneas, fígado e rins”.
Diz Marcus entusiasmado, pensando ter encontrado mais um fornecedor.
Já longe dos três, Jo tira uma câmera portátil do bolso e começa a tirar fotos da conversa.
“Desculpe Griffin. Mas eu já fui mãe um dia”. Diz ela para si mesma.

Cleveland.
Na clínica, Charlie está trancada em um depósito junto de Michael, ao chão desacordado.
Ela tenta forçar a porta, mas acaba desistindo e sentando encostada na parede.
Minutos depois a porta se abre. Brett Cooper entra com dois enfermeiros. Charlie levanta-se e tenta escapar sendo imobilizada por um dos homens vestidos de branco.
“Dêem um fim nesses dois” ordena Brett saindo da sala em seguida.
Um enfermeiro se comunica com o outro mandando pegar Michael para levá-los ao crematório.
Charlie continua gritando e esperneando.


Apartamento de Mimi.
Batem à porta. Ela atende e vê Dawnie, não se surpreendendo, que adentra a sala sem seu consenso. “Por que você fica voltando aqui, garota? Quer me bater mais? Preciso chamar a segurança?”
Dawnie começa a falar alto e intimar Mimi: “Me deixa em paz você, sua louca! Qual é a sua com essas ameaças idiotas? Você não me assusta”.
“Não é o que pretendo, querida. Ameaças e sustos são para inofensivos. Os perigosos não ameaçam, fazem!” Enquanto diz essas palavras, ela sai abrindo a porta do seu quarto revelando alguém lá dentro. Dawnie não consegue disfarçar a surpresa e o medo em seus olhos. Do quarto de sai Jones Krueger, seu antigo empresário, que está com parte do rosto queimado e deformado. “Qual é o motivo de tanta revolta, loirinha. Eu só incendiei suas roupas, não sua cara - por enquanto”.
Num movimento súbito, Dawnie corre para a porta, mas é barrada por Mimi. As duas se estapeiam e o empresário interfere em favor de Mimi. Dawnie grita e se debate, mas não adianta. Os dois a levam para dentro de um dos quartos, sorrindo, e fecham a porta na cara da câmera.


Inicia off de narração.
Enquanto ouvimos a narração, vemos as imagens descritas abaixo:

“Surpresas. Sustos que a Califórnia cisma em pregar. Da iminência de um grande terremoto, até uma simples prolongada visita de sobrinhos da costa oeste, loucos para sentir o cheiro de protetor solar em seus rostos...”

Posto de gasolina.
Jonathan está abastecendo seu carro. Entrega um cartão de crédito ao frentista. Minutos depois ele volta e diz que o cartão foi recusado. Jonathan o chama de incompetente, e diz que o problema não está no cartão, e sim nele. Sai do carro e vai até a gerência do lugar, onde entrega outro cartão, diferente do anterior, para o pagamento.
“Sinto muito Sr.Remington, mas este também foi recusado” fala o gerente, deixando Jonathan atônito, sem entender o que está acontecendo.


Narração:
“... e de um dia pro outro, sentimentos novos precisam surgir transformando de vez sua carga afetiva. Ainda hoje me pergunto: O que possui esse sol dessa bendita costa que transforma os ideais e os sonhos de tanta gente...”

Quarto de Angela.
Sentada em sua cama, ela está no meio de uma ligação para o colégio interno de Caroline na Suíça.
No outro lado da linha, uma das freiras do lugar diz que Caroline está em uma excursão a uma estação de esqui, e que só estará de volta em alguns dias. Angela diz que é urgente, e se não teria a possibilidade de entrar em contato com ela antes de sua volta. Frustra-se quando ouve a resposta como sendo impossível. Ela desliga o telefone na cara da mulher. “Preciso encontrar essa menina antes que Margaux pense em tentar fazer isso”.


Narração:
“... Mãe da noite para o dia, quebrando completamente o conceito da perfeita família americana. As palmeiras de Los Angeles têm o prazer de destruir qualquer união familiar, montando casas desajustadas, luxuosas, frias...”

Banheiro da suíte de Margaux.
Ela acabou de terminar o banho, com uma toalha ainda enrolada no corpo e outra na cabeça. Está passando creme hidratante nas pernas, quando toca seu celular. A primeira pessoa que vem a seu pensamento é Joe, mas quando pega o aparelho, vê que a ligação é de Trevor. Dá um suspiro e um sorriso contido, limpando o embaçado no espelho com a mão e vendo seu reflexo. Atende, fingindo-se surpresa


Narração:
“... Apesar do medo de mudanças, o arrependimento nunca foi ou será bem-vindo...”

Pela manhã. Cemitério nos arredores de Los Angeles.
Brian está sozinho, com um terno preto, assistindo o caixão de Scott descer na cova. Ele joga alguns lírios dentro do buraco, caindo em cima da madeira escura. Podem-se observar queimaduras em uma de suas mãos e no rosto; a outra mão está engessada. Além dele estão presentes apenas um padre e o coveiro. Brian olha a cena, estático e inexpressivo. Em sua cabeça só existe um pensamento: Vingar-se de Nicholas Remington.


Narração:
“... Toda a minha vida eu dormi ouvindo o vai e vem regrado das ondas do mar batendo em minha janela. Não se acomode com o que pareça ser sempre igual. Observe melhor. Esteja preparado para as inesperadas mudanças impostas pelas poderosas palmeiras californianas.”

Escrito na primeira tela de créditos está:
“Ava Gregory, personagem do seriado Summerland, tornou-se tutora de seus três sobrinhos, recém chegados à Califórnia, há dois anos atrás.”

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