Thursday, October 05, 2006

Nova York. Ruas de Central Park West ao som de “Leaving New York - REM”.
Chove bastante. Um homem de costas, muito bem vestido com seu guarda-chuva numa mão e a mala em outra, grita por um táxi da porta de seu edifício. Passam alguns carros amarelos que não param. Somente após alguns minutos ele consegue entrar em um.



Chove bastante. Um homem de costas, muito bem vestido com seu guarda-chuva numa mão e a mala em outra, grita por um táxi da porta de seu edifício. Passam alguns carros amarelos que não param. Somente após alguns minutos ele consegue entrar em um.
A câmera apenas o foca de costas. Cessa a música.
“Aeroporto, por favor” pede ele ao taxista. “O mais rápido possível. Estou atrasado”.
“Será que você vai conseguir levantar vôo com esse tempo?”
“Nem mesmo um furacão me impediria!” responde ele decidido.
Close em seus olhos bem azuis.


LA. Apartamento de Charlie.
Howard está sentado no sofá, com a gravata afrouxada.
“Agora chega! Nosso acordo acabou. Paguei o que lhe devia, e não preciso mais de sua ajuda” diz ela em pé, apoiada na mesa “E agora com meu emprego consigo me sustentar muito bem”.
“Aí é o que você pensa, menina” diz ele levantando e coçando o saco “Agora é que tudo está para começar!” Ele chega por trás dela e a abraça, apoiando o queixo em seu ombro, e sussurrando ao ouvido: “Ainda terá muitas surpresas! Não tente quebrar esse nosso elo, pois pode acabar na sarjeta, abaixando sua calcinha”. Completa metendo a mão por baixo da saia dela e enfiando os dedos na parte da frente de sua calcinha. Ela fecha os olhos e morde os lábios, enojada.


Apartamento de Mimi.
Ela está na cozinha, preparando algo para comer.
Ao fundo toca “Autumn In New York - Billie Holliday”
Toca a campainha. Logo ela corre para a porta preocupada, pois a primeira pessoa que vem a sua cabeça é Dawnie; quando vê Jonathan do outro lado, logo abre aliviada.
“Meu querido! Há quanto tempo não o vejo”. Ele aproxima-se, a pega nos braços e a beija.
Depois de alguns minutos ele respira fundo: “Preciso de sua ajuda Mimi”.
Ela não compreende muito bem o que está acontecendo. Só então percebe a aflição no rosto dele. Ela o pega pela mão e os dois sentam-se na sala.
“Preciso ficar a par de todos os meus negócios onde você e Romeo são meus testas de ferro. Todas as minhas empresas e meus bens lícitos foram tirados de mim, da noite para o dia. Perdi tudo”.
Mimi completamente assustada continua ouvindo toda a história do golpe aplicado.
“Não se preocupe, querido. Vamos dar um jeito em tudo”. Logo pega o telefone e completa uma ligação para Romeo.


Apartamento de Brian.
Dawnie está debaixo do chuveiro, no pequeno banheiro.
Ao fundo toca a música “New York - Norah Jones”. A câmera foca Dawnie ensaboando-se sensualmente.
Ela fecha os olhos. Encosta-se na parede. Continua a percorrer seu corpo com o sabonete. Barriga, colo, seios, pescoço... Suspira. Com a outra mão começa a se tocar entre as pernas. Abre os olhos e a boca, soltando gemidos mudos. A água quente batendo em seu corpo o ajuda a arrepiar-se. Com moleza nas mãos não consegue mais segurar o sabonete, que escorrega por suas pernas e cai no chão. Fecha novamente os olhos e aumenta o movimento dos dedos na masturbação. Levanta a cabeça para que a água caia direto em seu rosto. Aumentam os suspiros. Baixos gemidos. Palmas das mãos descendo pela parede molhada. Orgasmo.
Fica parada debaixo da água quente por mais alguns minutos, e é interrompida por Brian entrando no banheiro, descendo o short e posicionando-se em pé, em frente à privada.
“Não poderia ter esperado eu terminar o banho?” pergunta ela colocando a cabeça para fora da cortina de plástico da banheira.
“Não se preocupe, meu amiguinho aqui não é um rapaz tímido” ele apontando para seu pênis.
Ela pega a toalha e se enrola, saindo do box. Quando está deixando o banheiro, bate na bunda dele com a mão: “Da próxima vez que estiver espiando eu e Griffin na cama, não fique só na porta. Vou adorar sua companhia conosco!”
Ele termina de urinar dando um sorriso pelo canto da boca.


Cobertura de Ron Maxwell.
Griffin é recebido por um Ron surpreso: “Não quero você por aqui sem ser chamado!” Diz ele aumentando a voz. “Mas aproveitando sua presença, meu bom amigo James Townsend esteve aqui. Disse que acabaria com você e que o meu nome surgiu na conversa de vocês. Você está maluco?”
“O que você queria que eu fizesse? Morresse pra te preservar?” retruca Griffin.
Nesse momento, Austin, o garoto comprado no leilão, entra correndo pelado na sala, e corre para os braços de Ron.
“Meu grande meninão! Ainda acordado?”
“Brincando com o tio Jimmy” responde ele.
E o mordomo Jimmy entra também nu na sala, atrás do menino.
Griffin logo percebe o que estava acontecendo e vira o rosto passando a mão no cabelo, ficando nitidamente abismado. Ron que está com Austin no colo diz para Jimmy colocá-lo para dormir, sem mais brincadeiras por esta noite. “Cadê o beijo do tio Ron?” E Austin dá um selinho em sua boca.
Jimmy o leva da sala e Griffin retoma a conversa: “Então... Se quiser continuar contanto com meus serviços, ajude a livrar-me de Townsend. Escapei, mas ele virá atrás de mim de novo, isso é certo”.
Ron pensa um pouco e concorda: “O que você tem em mente?”
“Focar o ódio dele em outra pessoa. Alguém que faça algo pior ao seu filho do que tirar meras fotos. Mas para isso eu preciso ter acesso novamente ao garoto. Preciso que tire James do hotel esta noite ainda”.Ron acha graça daquilo tudo e sorri, assentindo.


Wilshire Memorial Hospital.
Margaux entra nervosa e apressada na recepção do lugar.
“Por favor, um amigo acidentado deu entrada aqui, mais ou menos uma hora atrás”. A enfermeira pede o nome dele, e enquanto procura no computador, Hillary, de um dos corredores, avista Margaux e a chama.
“Como ele está? É grave?” Pergunta ela abraçando a amiga.
“Ele perdeu muito sangue. Teve uma parada cardíaca, mas conseguiram reanimá-lo. Está em cirurgia no momento. Foi uma facada violenta que perfurou alguns órgãos”.
As duas sentam-se na sala de espera, e Hillary continua explicando o que os médicos falaram sobre o estado de Trevor. “Tudo o que podemos fazer agora e esperar e rezar”.
“Quem fez isso a ele? Como foi que uma coisa assim pôde ter acontecido dentro de sua agência?”
“Apenas minha secretária, Janice, viu o rapaz, além de Trevor. Ela disse que ele parecia conhecê-lo, mas não sabe dizer qual é seu nome. Nesse momento ela está com a polícia; estão fazendo um retrato falado”.
Margaux finaliza: “Tudo o que eu puder fazer para pegar esse assassino, conte comigo!”


West Hollywood. Hunt Club.
Marc acaba de sair do palco, nu, finalizando seu número de strip-tease e corre para o camarim. Lá encontra Joe, olhos arregalados, todo elétrico.
“Sua hora de entrar”. Diz Marc batendo nas costas do amigo, e percebendo sua mochila aberta. Verifica e nota que seus comprimidos de ecstasy sumiram. “Joe seu filho de uma puta, você...” Mas percebe que está falando sozinho, e que Joe já está no palco.
A câmera sai do camarim, segue pelo corredor e chega à platéia, entusiasmada com a apresentação de Joe, que está despindo-se de um uniforme de bombeiro ao som de “New York City Boy - Pet Shop Boys”.
Ele sente-se tonto, mas continua a dançar, às vezes interagindo com rapazes da platéia. Lembranças dele esfaqueando Trevor vêem a sua cabeça. Desconcentra-se. A música continua, mas ele pára no palco. Mais tonteiras. O público começa a vaiá-lo. Um homem que está próximo ao palco joga uma garrafa de cerveja que se quebra perto dos pés dele; que vai até o cara e, irado, chuta seu rosto, fazendo-o cair no chão. As pessoas se assustam. Abre-se uma roda em volta do homem que está sangrando na cabeça. Juan, o dono do lugar, que estava assistindo ao show sentado ao fundo, faz sinal para que um dos seguranças segure Joe. O homem de terno, com quase dois metros de altura, sobe no palco e o agarra. Joe tenta se livrar dando pontapés. Marc intervém, entrando às pressas e dizendo que cuidará do amigo, fazendo o segurança soltá-lo. Joe, ainda tendo vertigens, sai apoiado e sendo levado por Marc. “Vamos embora daqui. Essa noite você pode dormir lá em casa, seu babaca!”


Escritório da famosa Boite Topsy Turvy, situada na Melrose Avenue.
Lá está Mimi, Romeo, Jonathan e Marcus Wess, o dono do lugar, e também traficante de órgãos.
Mimi está sentada, fumando, enquanto Romeo explica que Jonathan é o financiador das transações de todos eles.
“Estou muito entusiasmado em expandir nossos negócios Sr. Wess. Mais mercadorias. Aumento de lucros”. Comenta Jonathan, andando pelo escuro escritório.
“Não gostaria de frustrá-lo Sr. Remington, mas com isso, também aumentarão nossos riscos, o perigo em cima de nossos esquemas”.
Romeo, então, explica que existe um grande mercado negro de órgãos na Venezuela, e que seria muito bom começar a atuarem na América do Sul. “Onde leis não são cumpridas, o governo é caótico, e as pessoas completamente influenciáveis” ele senta ao lado de Mimi “E gostaríamos que você comandasse tudo lá por um tempo, Marcus. Assumirei todo o comando por aqui em LA, não se preocupe”.
Marcus concorda e argumenta: “Não é só isso, vocês irão necessitar de uma demanda bem maior de mercadorias e “doadores””.
“Podem deixar, que dessa parte eu cuidarei muito bem!” Diz Mimi.
Romeu finaliza o assunto com outra questão: “Agora, Marcus, precisamos ajudar Jonathan a descobrir o autor de alguns golpes bancários”.
“Nenhum problema. Conheço as pessoas certas para isso, pelo preço certo, é claro”. Diz Marcus olhando para John, apoiando a cabeça com as mãos.


Beverly Hills.
Griffin está dentro do porsche estacionado em frente ao hotel Bel-Air. Antes de sair do carro ele pega o celular e liga para Brian e diz apenas uma frase: “Tudo pronto!” Guarda o aparelho no bolso e sai do carro, entrando pela porta giratória do lugar.
De seu quarto, Nicholas percebe movimentação no corredor e consegue ver James Townsend saindo e pegando o elevador junto de seu segurança. Percebe, então, ser a sua deixa; e minutos depois ele busca Griffin, que está sentado no bar do lobby.
“James e o segurança não irão demorar muito. Ron só prometeu-me algumas horas. Precisamos agir rápido”. Diz ele engolindo o resto de seu drink e seguindo Nick em direção aos elevadores. Os dois demonstram certo nervosismo. Griffin tenta acalmar os ânimos: “Vamos lá, se aparecer alguém é só você chupá-lo e não teremos problema algum”. Nicholas não gosta muito da brincadeira. Griffin bate na porta do quarto, dizendo ser copeiro do hotel. A babá, uma senhora baixa e franzina, demora um pouco, mas acaba abrindo. Os dois entram, rendem a mulher. Griffin soca a cara dela e depois sua nuca, fazendo-a cair desacordada ao chão. Eles encontram Arthur dormindo tranqüilo, na cama.
“Tire a roupa dele, enquanto vou buscar nosso bode expiatório”. Griffin deixa Nicholas com o menino e a babá desmaiada. Tirando o pijama de Arthur, Nick tenta não acordá-lo, quando seu celular acusa a chegada de uma mensagem. Ele lê: “Você está fodido!” E fica atordoado quando vê que a origem dela é o celular de Scott. Imediatamente ele liga para o mesmo número e acaba escutando o toque de chamada do celular de seu ex-amante dentro do mesmo apartamento que se encontra. Levanta-se num susto. Chama pelo nome de Griffin, sem resposta. Na penumbra do quarto ele percebe a silhueta de alguém na porta. Engolindo seco, ele pergunta: “Scott?”


Apartamento de Charlie.
Com roupas jogadas pela cama, ela está colocando tudo dentro de duas grandes malas. Encontra algumas revistas no armário, com Jonathan na capa. Pega uma delas e senta-se na cama por um tempinho pensando nele. Balança a cabeça. Levanta-se e vai até a mesa da sala, onde pega um papel escrito à mão.
A câmera foca a folha, onde se lê um pedido de demissão.
Pega o telefone, faz uma ligação: “Por favor, gostaria de reservar uma passagem para Wichita, Kansas”.


Wilshire Memorial.
O médico responsável pela cirurgia de Trevor surge na sala de espera. Hillary e Margaux levantam-se apreensivas.
“Conseguimos parar a hemorragia, mas ele está muito debilitado, e não sabemos ainda se irá agüentar. As próximas horas serão cruciais para tirarmos mais algumas conclusões”.
“Ele ainda corre perigo de vida, então?”. Pergunta Margaux.
O médico responde afirmativamente. Hillary pergunta a possibilidade de vê-lo, e o médico as leva até a UTI, onde elas podem vê-lo através de um vidro. Trevor está desacordado, ligado aos aparelhos, sem camisa e cheio de gases enroladas pela barriga. As duas derramam lágrimas. Após alguns minutos em silêncio, Margaux pergunta se a família dele foi avisada.
“Não se preocupe com isso. Somos as únicas pessoas que se importam com ele”.
“Então, Hillary, é hora de ele realmente ter uma família”.

Quarto de hotel de James Townsend.
Nicholas força os olhos para tentar ver o rosto de Scott na pessoa que está na porta. Alguém chega por trás dele e bate em sua nuca com algum objeto pesado. Nick cai desacordado no chão, ao lado da babá. A pessoa na porta acende a luz do quarto, revelando ser Brian. E Griffin, também no quarto, está segurando uma estátua de mármore nas mãos.
Griffin começa a tirar a calça e a cueca de Nick, e pede ajuda a Brian para colocá-lo deitado ao lado de Arthur, que ainda está adormecido.
Os dois saem do apartamento com Griffin de celular na mão, discando 911: “Agora é só sentar e assistir!”


Corta a cena para a recepção do hotel.
James e Ron Maxwell vão entrando com o segurança. Entre vários hóspedes, cruzam com Brian e Griffin, que escondem os rostos. Ao saírem do lugar, dois carros de polícia logo estacionam em frente. Os dois amigos atravessam a rua e ficam observando os acontecimentos de longe, apreensivos. Após um tempo, eles observam dois policiais saindo e trazendo um homem, ainda sem as calças e algemado.
“E o veadinho é pego com as calças na mão!” Goza Griffin, que cutuca Brian ao notar James e Ron surgindo no pequeno aglomerado de curiosos que se formara em frente ao hotel. James está descontrolado; ele grita pelas costas dos policiais, enquanto levam o homem a uma das viaturas. Chorando, James tira uma arma da cintura. Policiais correm para cima dele, mas não conseguem impedi-lo de disparar um tiro.
Brian, que estava até agora rindo com Griffin, fica sério e assustado. Os dois vêem o tiro de Townsend acertar Nicholas pelas costas, que cai no chão. Pessoas gritam e correm. Policiais vão para cima de Townsend, tiram a arma de sua mão e o prendem.
Griffin, boquiaberto e pálido, começa a andar devagar em direção ao corpo caído. Brian o impede, segurando-o, dizendo que Ron ou James podem vê-lo. Com o peso da culpa, Griffin vê de longe o corpo de seu futuro cunhado ser retirado da rua e fica desesperado.


Amanhece em LA. Imagens de downtown, ao som de “Boy from New York City - Darts”



O mesmo homem que saiu de NY, sai de um táxi, e segue andando pela calçada em frente ao prédio onde fica a revista Today. Pára e olha novamente o endereço escrito num pedaço de papel, para ter a certeza que está no lugar certo. Entra no edifício.


Corta a cena para a Sala de Howard.
Ele está sentado na antiga mesa de Margaux, dando algumas ordens a Rachel e ao seu secretário, Crane, quando Charlie entra na sala e coloca sua carta de demissão em cima da mesa.
“Como você pode demitir-se, se acabou de ser promovida?” Pergunta Howard sarcástico.
Charlie fica sem entender suas palavras. Rachel levanta-se e dá os parabéns a ela. Crane toma a palavra: “Tivemos uns remanejamentos por aqui. Charlie, a partir de hoje, você dividirá a direção da revista com Rachel Dennis...”
“Mas... E Margaux?”
Crane faz cara de quem não gostou de ser interrompido e continua: “Margaux Remington estará tomando conta da sala e também da vaga de editora-chefe que eram de Angela Remington. Angela, por sinal, agora estará preenchendo a vaga de colunista especial, deixada pela finada Carrie Fairchild”.
“A morte de minha irmã ainda não é oficial!” diz o nova-iorquino, entrando na sala com Natasha atrás, preocupada por não ter conseguido segurá-lo.
“Realmente, miss Krakóvia, você não consegue segurar ninguém nessa recepção!” diz Rachel apenas para a secretária escutar.
O homem toma a palavra: “Sou Peter Fairchild. Onde posso encontrar Margaux Remington?”
Crane intervém dizendo que ele não pode ir adentrando a revista dessa forma. Howard levanta-se e diz não saber onde está Margaux no momento.
“Não importa a pessoa. Sou o advogado da família Fairchild-Rush, e estou aqui apenas para comunicar que a revista está sendo indiciada pelo desaparecimento de Carrie Fairchild”. Ele coloca o documento com o aviso oficial em cima da mesa “Ou vocês levantem esses traseiros das cadeiras e comecem a se mexer para encontrar minha irmã, ou, então, essa revista virará história. Não tomem isso como uma ameaça, e sim como uma sentença de morte. Obrigado senhores, Rachel Dennis, passem bem”. E sai da sala. Charlie sai apressada atrás dele. Howard, Rachel e Crane ficam surpresos. Howard pega o papel e passa o olho: “Mais essa agora!”
“Eu dirigi uma das publicações do padrasto de Peter, em Nova Iorque, por uns anos. Com todo o poder que Allen Rush possui no mundo editorial, se ele quiser, é só estalar os dedos, que estaremos esmagados. Rush está entre os três nomes mais poderosos do país no cenário editorial e em outros ramos”.
“O Sr. Howard está ciente disso tudo. Você pensa que ele não saberia dizer quem é Allen Rush?” Interfere Crane na conversa. Howard olha de cara feia para ele, que se encolhe na pequena poltrona e solta um “desculpe” seco.
Rachel completa: “Além de Peter Fairchild ser um dos melhores e mais conceituados advogados da costa leste. Mesmo após ter sido acusado, julgado e inocentado pelo assassinato de uma antiga namorada, sua carreira não foi abalada”.
“Assassinato? Quero que me conte melhor essa história”. Howard faz sinal para Crane deixar ele e Rachel a sós.


Corredores da redação.
Charlie corre e alcança Peter no hall, já saindo da revista: “Fairchild! Espere, por favor”.
Ele pára e vira-se.
“Sou Charlie Townson, redatora aqui da revista. Dias atrás eu fui atrás de Carrie em Cleveland, último lugar onde foi vista, mas não conseguimos encontrá-la”.
“Temos muito que conversar então”.
Ela o convida para tomar um café, e os dois pegam o elevador juntos.


Mulholland Drive. Mansão de Jonathan.


Angela chega de carro, percebendo uma movimentação na entrada da casa. Marcus Wess e Romeo estão de saída, e Jonathan está na porta. Angela cumprimenta friamente Romeo, que já havia conhecido anteriormente, e nem olha para Marcus, ficando intrigada com suas presenças ali.
“Papai, finalmente alguém consegue te encontrar! Todos estão atrás de explicações e você aqui, calmo em casa?!”
Jonathan a convida para entrar. Os dois chegam à sala, ele pede para que se sente, mas ela recusa. “Não tenho muito que explicar, minha filha. Fui vítima de um golpe muito bem aplicado. Perdi muitas de minhas empresas, dos meus bens”.
Angela pede mais explicações.
“Envolvi-me com pessoas erradas” ele vai até o bar e enche um copo com uísque “colocaram as mãos em documentos valiosos, e com a posse deles, oficialmente passaram tudo para o nome de um filho da puta”.
“Howard Stern”. Conclui ela. Ele dá uns goles: “O próprio”.
“Mas quem é esse cara? Qual a ligação dele com você ou nossa família?”
“A única coisa que consegui saber é que ele trabalhou em uma de minhas empresas por muito tempo, e foi despedido um ano atrás”.
“Vingança?”
“Minha mais forte e única conclusão!” Concorda ele.
“Que loucura! E o que nossos advogados falaram disso tudo? Não podem fazer nada? Não existem leis contra esse tipo de golpe?”
“Howard Stern está completamente dentro das leis. Eu fui o idiota”.
“E como ele colocou as mãos nesses seus tais documentos tão valiosos?”
“Não tenho a menor idéia” mente ele, tendo quase a certeza de que foi Charlie a culpada.
Angela muda de fisionomia, vai até o pai, o pega pela mão e o puxa para os dois sentarem-se.
“Papai, tenho um convite para você. Por favor, não marque nenhum compromisso para sexta-feira à noite. Quero você, lá em casa, no meu jantar de noivado. Sua filhinha foi pedida em casamento!”
Enquanto ela fica sorrindo, esperando uma reação do pai, ele fica por uns instantes, calado. A imagem de Griffin vem a sua cabeça e ele finaliza: “Não sou eu o único idiota da família!”


Beverly Hills. Takes da Rodeo Drive Avenue ao som de “New York Avec Toi - Téléphone”


Dawnie está olhando vitrines e passeando pelas calçadas, com algumas sacolas nas mãos. Seu vestido preto e decotado chama a atenção de quem passa por ela; até ser abordada por um homem, em seus quase quarenta anos. Ele tira seus óculos escuros: “Dawnie Bunny!” afirma apontando para ela, que fica envergonhada e começa a andar mais rápido, dizendo estar enganado.
Ele insiste, seguindo-a: “Impossível! Eu simplesmente adoro seus filmes! Sempre tentei um contato com seus estúdios, mas nunca conseguia chegar até você. Desculpe-me, mas você deve ter o pior empresário do mundo”.
Dawnie pára e sorri, gostando muito de ouvir um adjetivo ruim sobre seu ex-empresário Jones Krueger.
Ela tira seus óculos e pergunta: “Tem uma caneta?”
“Não! Não estou atrás de um autógrafo” diz ele com a mão na testa “desculpe-me mais uma vez, não me apresentei: Sou Kristen Beacon, dono dos estúdios FuckBeacon”.
Dawnie logo percebe estar conversando com um dos reis da indústria pornô da costa oeste, e sente-se lisonjeada por ele tê-la reconhecido.
“Fique com meu cartão. Procure-me lá nos estúdios. Será um prazer trabalhar com você. Ter Dawnie Bunny em nosso cast”.
Ela pega o cartão, tentando não demonstrar muito seu entusiasmo.


Revista Today.
Griffin entra cabisbaixo, cumprimenta Natasha na recepção e pergunta se Nicholas já chegou, jogando verde para ver se consegue alguma informação sobre ele.
“Não apareceu por aqui ainda”. Diz ela não dando muita atenção a ele por estar atendendo ligações.
Ele agradece e segue para a sala de Angela, muito preocupado, e ao mesmo tempo curioso sobre o estado de Nick; e se alguém já teria sido alertado sobre o tiro ocorrido na noite passada. Ele entra na sala, onde Angela está colocando seus pertences em uma caixa de plástico.
“O que está acontecendo? Demitiu-se?” Diz ele, em tom de brincadeira, abraçando-a por trás.
“Não, apenas fui rebaixada de cargo”.
“Não pode estar falando sério.” Ele senta-se na cadeira.
“O ditador Howard Stern já está colocando as manguinhas de fora. Você acredita que ele colocou a Margaux no meu lugar, e me jogaram para escrever a coluninha pífia que era da piranha da Carrie”.
“E como sua mãe reagiu a isso?”
Antes de Angela conseguir responder, Margaux adentra a sala.
“O que Natasha acabou de me contar é verdade?”
“A mais plena, pura e límpida!” Responde Angela, sem olhar na cara da mãe, continuando a esvaziar suas gavetas.
“Isso é o que vamos ver!” Ela sai cuspindo fogo, soltando palavrões, à procura de Howard.
Griffin e Angela entreolham-se e saem correndo atrás dela, curiosos com o que irá se passar.


Sala de Howard.
Ele está ao telefone quando Margaux entra furiosa, esmurrando a porta de vidro.
“Olha aqui seu escroquezinho patético, como ousa meter essas suas patas imundas por cima de décadas de trabalho árduo, da história dessa revista?!” pára em frente a sua mesa. Ele coloca o telefone no gancho, desligando na cara de quem estava do outro lado da linha. Margaux continua:
“Não é porque de alguma forma, com alguma falcatrua baixa, você conseguiu roubar o lugar de Jonathan, que teremos que modificar e seguir ordens de alguém que mal sabe o que significa uma reunião de pauta!”
Ele respira fundo: “Terminou Sra. Remington?”
Do lado de fora da porta de vidro, estão Angela, Griffin e Natasha. Rachel percebe o alvoroço e se junta a eles. Margaux aproxima-se de Howard, aponta o dedo para sua cara: “Não se esqueça nunca que eu também sou acionista dessa empresa. Também mando, e não recebo ordens”.
“Como acionista majoritário, tenho, sim, o direito de mandar e desmandar aqui dentro. Ou você prefere tirar dúvidas com meus advogados sobre esse assunto?” Ele oferecendo o telefone para ela.
“Agora se retire, que tenho afazeres importantes. Mas antes, tire-me uma dúvida: Não está na hora de você se aposentar, Margaux?” Pergunta colocando a mão no próprio rosto, indicando rugas.
Margaux não se contém com o insulto, vira-se e lasca uma bofetada em seu rosto.
“Isso não termina por aqui” e ela sai, empurrando todos que se encontravam no corredor e indo em direção a saída da revista.
Crane aparece e manda todos voltarem ao trabalho. “Isso aqui não é um circo! Mexam-se, mexam-se”. E ele entra na sala, fechando a porta na cara de quem está no corredor.

Sala de revelação da revista.
Jo está admirando fotos tiradas na época em que teve seu filho, anos atrás, que terminara de retocar.
Griffin entra na sala, a cumprimenta. E fica curioso com as fotos na mão dela.
“Posso ver as fotos?”
“Claro. É só o que me restou dele. Somente fotos e lembranças”.
Ele observa bem as fotografias e chega à conclusão de que pode estar certo com suas suspeitas.
Jo interrompe seus pensamentos: “Griffin, e essas outras fotos aqui, o que acha delas?”
Jo mostra as fotos tiradas no leilão de crianças, onde aparecem ele, George e Marcus. Após um susto ele tenta tirá-las da mão dela: “Você está doida? Posso ser preso por causa dessas fotos!”
“E não seria justo?”
Ele fica atônito.
“Entregar essas fotos para polícia, fazer uma denúncia, e acabar de vez com essa insanidade?”
“Jo, você não está pensando direito...”
“Já está decidido. Hoje mesmo falarei com Margaux que resolvi encurtar minhas férias, e entregarei meu trabalho aqui na Today. Depois vou à polícia e estará tudo terminando”.
Griffin entra em desespero, e mesmo sem ter muita certeza em suas idéias, ele solta:
“Eu sei onde está seu filho, Jo!”
A expressão no rosto dela muda completamente. Assusta-se. Deixa cair as fotos.


Inicia off de narração.
Enquanto ouvimos a narração, vemos as imagens descritas abaixo, ao som da música “New York, New York - Moby feat. Debbie Harry”:

“Los Angeles incentiva importantes mudanças na vida das pessoas. Nunca havia estado antes nessa cidade, e só de pensar na possibilidade de poder estar, buscam-se desejos antigos de referências instigantes e provocantes...”

Noite. Ruas de Beverly Hills.
Margaux está dirigindo para casa. Toca seu celular. Vendo ser ligação de Hillary, logo atende.Fica sabendo que Trevor já está fora de perigo, mas ainda inconsciente. Demonstra euforia e diz que pela manhã estará no hospital. Desliga o celular, e chega ao portão de sua mansão. Pára o carro esperando o portão abrir-se. Segundos depois ela entra, enquanto Joe sai das sombras das árvores, perto do portão, observando tudo com um olhar punitivo e alterado


Narração:
“... Aprendi a compreender estilos de vida e classes sociais diferentes do que já havia tido contato anteriormente; cidade de misturas culturais, raciais, sociais... Cenário que assusta de início, mostrando-se até mesmo perigoso. Convívio é uma escola.”

Mansão de Jonathan.
Ele está em seu escritório olhando e remexendo gavetas. Ele pára por um instante e pensa um pouco. Toma o resto do seu uísque que estava em cima da mesa. Pega o telefone.
“Mimi, boa noite! Desculpe-me ligar assim tão tarde, mas já tenho o nome perfeito para a primeira “doação” de órgãos, no meu comando”. Ela fica curiosa, mas John diz que só vai revelá-lo na hora certa.


Narração:
“Passei por muitos momentos de fraqueza; tendo que escondê-los para parecer forte e dar exemplos a filhos, marido... Não pense ser fácil compreender tudo o que todos aqueles óculos de sol, biquínis e protetores solares querem dizer... Objetos maquiavélicos! Cidade sitiada...”

Flat de Rachel.
Ela está na cama, sentada em frente ao seu laptop, pesquisando sobre o caso Alex Bartolli, a antiga namorada, supostamente assassinada por Peter Fairchild. Faz anotações, pega sua agenda onde procura por seus contatos em Nova Iorque. Escreve e-mails e os envia, certa de que logo receberá todas as informações que procura.


Narração:
“... Lugar viciante. Carrões e roupas da última moda. Filho querendo matar pai. Pai sendo morto na frente de filho. Flores nos jardins verdes, gramados. Amigos verdadeiros. Amargos amigos viciantes.”

Sala escura para revelação de fotos na revista Today.
O lugar está vazio. Várias fotos, preto e brancas, do bebê de Jo estão penduradas no arame.
A câmera vai passando lentamente por elas.
Algumas do menino sorrindo, outras no colo, e uma dele dormindo no berço.
Corta a cena para a cobertura de Ron Maxwell.
Quarto onde está Austin, o garoto comprado no leilão, deitado na cama, dormindo, na mesma posição do bebê da foto.

Narração:
“Pague o preço de ter o sol batendo no rosto o ano inteiro, ter contato direto com o mundo, cruzar com celebridades nas ruas. Paguei, e pagaria novamente sem pestanejar”.

Escrito na primeira tela de créditos está:
Cindy Walsh, personagem do seriado Beverly Hills 90210, mudou-se da cidade de Minneapolis para Los Angeles com a família, onde ficou por seis anos.”

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